sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Jornalismo e imaginário: lançamento no congresso da intercom

O Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC tem a satisfação de convidar para o lançamento do livro O sonho da casa no campo: jornalismo e imaginário de leitores urbanos (Florianópolis, PosjorUFSC/Editora Insular, 2009), da professora Gislene Silva, que acontecerá durante o Publicom, no XXXII Congresso da Intercom, em Curitiba.

Local: Publicom - sábado 05/set, na Biblioteca da Universidade Positivo, Curitiba.

Partindo da pesquisa feita com leitores da revista Globo Rural que residem na cidade de São Paulo e não possuem nenhum tipo de propriedade no meio rural, o estudo tem como propósito apreender os movimentos do imaginário do leitor urbano no sonho mítico com a casa no campo e, por meio desse imaginário, contribuir para o debate das conexões entre campo e cidade e para o entendimento da interação entre sujeitos e produtos culturais simbólicos, no cotidiano urbano contemporâneo. Diante da complexa relação do homem com a natureza e da condição histórica vivida na metrópole paulistana nesta virada de século, percebe-se que, ao sonhar com a casa no campo, os leitores urbanos da revista não apenas se voltam para as memórias de um passado, vivido real ou arcaicamente junto ao mundo natural. No tempo presente, eles tecem uma crítica profunda ao modelo civilizatório da urbanidade da metrópole e, olhando para frente, imaginam um futuro melhor longe da violência, do trânsito pesado e da poluição, num lugar onde se realizaria o desejo de um o convívio mais harmonioso e solidário com a natureza e com os outros homens. Esta investigação, no âmbito da recepção midiática e da narrativa cultural potente em sua dimensão simbólico-mítica e imaginária, se dá no diálogo do Jornalismo com a Antropologia.

Apresentação:

Onde eu possa ficar do tamanho da paz

Enganam-se aqueles que pensam que os leitores da revista Globo Rural são apenas fazendeiros ou sitiantes preocupados com seus negócios ou sua sobrevivência. Muitos deles nunca tiveram ou vão ter um palmo de terra. Mal têm um jardim, alguns vasos de planta ou um bicho de estimação. Vivem, muitas vezes, em apartamentos comprimidos pelo adensamento das construções da metrópole, nos quais bate pouco sol, mas cujas janelas se abrem para um sonho, o da casa no campo, tão bem cantado pelo recém falecido compositor Zé Rodrix. Lá sim, lá tem muito sol, muito espaço, enormes áreas verdes, água em abundância, fruta no pé, fogão a lenha, comida caseira, gente amiga e toda a paz e aconchego que a cidade grande insiste em negar.

O trabalho de Gislene Silva revela o quanto a leitura das revistas e a audiência da mídia em geral repousam sobre essa espécie de consumo desejante e imaginado, atualizado, por vezes, em pequenos gestos e aquisições. Quantos leitores de revista sobre surf nunca surfaram? Quantas leitoras de revistas femininas, leitores de revistas de esportes e aventura folheiam suas páginas sonhando acordados? Movida por esta percepção inicial, a autora partiu em busca do depoimento dos leitores urbanos da revista Globo Rural e, com muita sensibilidade, soube ouvir suas histórias, dilemas e expectativas e deixá-los falar por meio de seu texto. Na Antropologia, na História, na Filosofia buscou as referências para entender e interpretar de maneira cuidadosa e inteligente o apego desse leitor à revista e ao universo rural. Mas, o melhor de tudo é que Gislene, como boa mineira, deu conta disto num texto extremamente agradável, como quem está contando causos, sem permitir que, ao longo da análise, as histórias e sonhos dos leitores perdessem o seu sabor.

Fonte: Maria Celeste Mira - O livro também pode ser buscado no site da editora: www.insular.com. br

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