sexta-feira, 5 de junho de 2009

COMUNICAÇÃO NAS NOSSAS VIDAS

Comunicar, confundir, registrar, recuperar e repetir informações – é fácil perceber no dia-a-dia de nossas vidas a comunicação tecendo a História da humanidade. Quando se fala de forma ampla a respeito da comunicação é difícil encontrar quem negue sua importância. Esta importância, contudo, passa geralmente despercebida quando estreitamos o foco para discutir nossas rotinas, a comunicação em nossas casas e em nosso trabalho. Ela nos parece um fenômeno tão natural e tão automático que dispensa qualquer preocupação.

O Velho Testamento, em Gênesis, conta que na Babilônia de Nabucodonosor, os homens sonharam com um acesso mais fácil ao Paraíso. E decidiram construir uma torre que alcançaria o Céu. Não seria a primeira, mas seria a maior e a mais bonita torre já construída pelo homem. E sem dúvida, a mais útil!

A narrativa bíblica revela que Deus, aborrecido com a soberba daqueles pecadores, decidiu castigá-los impedindo que continuassem a obra. Entre as infinitas maneiras que lhe eram possíveis - incluindo na lista terremotos e pestes - Deus optou por uma estratégia muito mais sofisticada e que consistia em confundir a linguagem dos homens. Foi o bastante para que o projeto fosse abandonado. Dele foi regatado o registro bíblico e a lição divina “comunicação é fundamental”. Quem não acredita sempre acaba mergulhado na mesma confusão dos construtores da torre de Babel.

Exemplos não faltam para atestar a importância da comunicação. Pouco lembrado, mas especialmente significativo, foi o papel da comunicação no início do protestantismo. Quando MARTINHO LUTERO iniciou o movimento pela reforma sua primeira ação foi elaborar uma lista com 95 teses, que afixou na porta da IGREJA DE WITTEMBERG como num mural. Com a ajuda da então recém-inventada imprensa de JOHANN GUTEMBERG, em menos de um mês, toda a Europa conhecia o documento.

Os exemplos bíblicos e históricos entram aqui menos para mostrar a importância da comunicação do que para indicar a antiguidade da experiência humana neste assunto, que é tão velha, pelo menos, quanto à linguagem iconográfica das cavernas do paleolítico.

Esta apostila se reconhece como uma pequena fração deste longo e trabalhoso processo cultural. Seu objetivo é identificar as características da comunicação no ambiente empresarial, em particular no ambiente da indústria. Está endereçado, portanto, a todos os engajados na gestão empresarial e especialmente àqueles que têm sob sua responsabilidade os programas de comunicação de suas empresas. Acredito que esta apostila também será útil a todos os que desejam conhecer melhor as relações de causa e efeito entre a comunicação, como processo social, e as atividades compreendidas na organização empresarial... É no curso dos programas de gestão que a importância prática da comunicação ganha visibilidade inegável, permitindo até avaliações quantitativas. É neles também que aparecem os prejuízos mais dramáticos da perversão ou simples insuficiência do processo de comunicação.

O desenvolvimento da gestão empresarial, visando ou não as normas de certificação, têm como primeiro resultado tornar evidente a importância crítica das comunicações. Os gestores são os primeiros a lamentar os efeitos nocivos da confusão babélica sobre o desempenho da organização e, portanto, os primeiros a sentir a necessidade de criar e disciplinar os fluxos de comunicação. Na indústria, por exemplo, devido à formação predominantemente técnica dos profissionais que atuam nela, raramente a força de trabalho está preparada para lidar e administrar os complexos processos da comunicação humana.

Ao contrário da literatura corrente, que usa enfoques abrangentes para atender à natureza holística dos programas de gestão, este apostila assume, de forma consciente e deliberada, o viés da comunicação e analisa a realidade da empresa em função dos fluxos de comunicação que a percorrem, favorecendo ou comprometendo os objetivos empresariais. É, portanto, uma fonte enriquecida sobre Comunicação para a Gestão.

O papel que assumimos nos permite situar os problemas da comunicação nos cenários da própria indústria e na sua cultura pragmática, com a esperança de que esta abordagem aumente a utilidade desta apostila.

Além deste viés, esta apostila se caracteriza pela análise e discussão do papel duplo, e muitas vezes ambíguo, da comunicação nos programas de gestão - ora objeto, ora instrumento destes programas, ora instrumento e objeto ao mesmo tempo.

A literatura sobre a gestão, embora abundante, passa em marcha batida pelo tema da comunicação, pressupondo uma simplicidade que é desmentida diariamente na prática gerencial. A experiência e a observação da atividade, no País e no exterior, mostram evidências de que o descuido com a comunicação ou a administração de sistemas de comunicação são as principais causas dos fracassos dos programas de gestão e produtividade.

A aproximação do tema “comunicação” está sintonizada com o estilo prático que se atribui aos empresários, hoje em dia cada vez mais conscientes de que a diferença competitiva entre as empresas será dada pelo fator humano. E isto significa, em última instância, que a diferença entre as empresas será decorrência da gestão dos processos de comunicação que se desenrolam dentro da empresa, somando talentos, melhorando a qualidade das decisões, determinando a oportunidade precisa de cada ação produtiva, sintonizando homens e máquinas no mesmo esforço. A globalização da economia e a "democratização" da tecnologia não deixam alternativas.


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