Suponha que você seja engenheiro civil. Ficaria à vontade se fosse convocado para liderar uma reunião de especialistas em informática? Se você é psicólogo, mal-acostumado com as colunas de créditos e débitos, ficaria à vontade para analisar o balanço de uma multinacional? Seu PhD em economia lhe dá coragem para assumir a instalação do centro de usinagem recém-adquirido pela sua empresa?
Estou certo de que pessoas ajuizadas e conscientes dos seus limites profissionais adotariam atitudes muito cautelosas se o acaso as colocasse nessas hipotéticas situações.
Quando o assunto é comunicação, todavia, a experiência mostra que estes e muitos outros profissionais cautelosos e conscientes assumem ares de mestres e magistrados, ensinando e sentenciando, dispensando lições e qualquer ajuda. Um plano de comunicação? "Ora como não - é comigo mesmo."
Por que, afinal, quando se trata de comunicação, todos se acham capazes de assumir qualquer responsabilidade?
Os profissionais que coordenam os processos de gestão, entretanto, aprendem muito cedo a reconhecer dois fatos:
1) A comunicação é a chave-mestra para o sucesso dos planos de gestão;
2) A comunicação é um processo laborioso que pode e precisa ser aprendido.
Aqueles que encaram estas duas verdades com a necessária humildade acabam se tornando tão especialistas em gestão quanto em comunicação, na mesma medida em que esta é instrumento daquela. A dupla qualificação profissional, mesmo que obtida ao longo da penosa sucessão de tentativas e erros, é condição para o desempenho eficiente da equipe coordenadora do projeto de gestão. Em outras palavras, o dia-a-dia tem se encarregado de ensinar comunicação àqueles que supunham ser auto-suficientes nesta matéria.
Sem o propósito de generalizar esta situação, é preciso enfatizar que a grande maioria dos executivos da indústria trata a comunicação como domínio comum, terra de todos e de ninguém, onde o bom senso é o bastante para enfrentar a maioria dos problemas. Por esta razão, pelo menos no inicio de suas experiências com os programas de gestão, muitos deles superestimam seus conhecimentos nesta área - quaisquer que sejam - e ao mesmo tempo subestimam as dificuldades da comunicação. Há os que consideram mesmo uma heresia aceitar a comunicação como um campo especializado do conhecimento. E não são poucos!!!
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Um comentário:
Eis o ponto da questão. E com base nesta premissa derrubam-se os diplomas. Não sou jornalista, mas estou solidária com eles, embora me surpreenda pela cisão. Empregadores derrubaram o diploma, enquanto trabalhadores faziam de tudo para mantê-lo. "Capitalismo" Sou relações públicas e na minha habilitação fizemos o caminho contrário, primeiro a regulamentação, criação dos conselhos, delegacias e só então cuidar de se fazer saber e reconhecer. Mas vivemos uma eterna discussão sobre manter ou não esta regulamentação, uma vez que muitos colegas da comunicação fazem o trabalho que legalmente só caberia ao RP fazer. A grande questão são as pessoas. E quem pode com elas, principalmente se tem poder seja financeiro, econômico ou de persuasão.
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